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A resposta da fé cristã na COP 30

  • Foto do escritor: Junior Romão
    Junior Romão
  • 7 de nov.
  • 4 min de leitura

A COP 30, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que ocorrerá entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, na cidade de Belém, é a continuidade da abordagem da ONU sobre as mudanças climáticas globais. Pela primeira vez, uma COP acontecerá na região amazônica, colocando em evidência a vital importância da maior floresta tropical do mundo para o equilíbrio climático do planeta, bem como os desafios e as oportunidades relacionados à sua conservação.

Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas
Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas

As prioridades de financiamento climático, aceleração da transição energética, proteção de ecossistemas e justiça climática demandam uma ação coletiva e uma mudança de paradigma na relação da humanidade com a natureza. É neste contexto que a sabedoria das Sagradas Escrituras pode oferecer uma bússola moral e um imperativo ético.

 

A instrução divina a Adão, no Éden, foi para “cultivar e guardar” o jardim (Gn 2.15). Isso mostra que a base para uma teologia cristã do cuidado ambiental remonta à própria narrativa da criação. Cultivar significa “trabalhar, servir e buscar o pleno potencial”, o que implica uma benéfica ação ativa e produtiva. Não se trata de exploração irrestrita, mas de trabalhar a terra de forma a fazê-la prosperar, extraindo dela o sustento necessário de maneira sustentável. Guardar significa “proteger e preservar”, que carrega o sentido de vigiar, zelar e defender. Adão não foi colocado no jardim apenas para dele se beneficiar, mas para garantir sua salutar integridade e continuidade.

 

Nesse mandado, o ser humano é designado a ser um colaborador de Deus na manutenção e florescimento da criação, aplicando inteligência e esforço para o bem de todos. Há uma dimensão de serviço à criação, não apenas de domínio sobre ela. É um mandato de conservação, de ser um guardião fiel daquilo que lhe foi confiado. Esta dualidade – cultivar e guardar – estabelece um equilíbrio fundamental entre uso e conservação, progresso e preservação.

 

O domínio humano sobre a criação, estabelecido por Deus quando disse: “Domine o homem sobre a terra” (Gn 1.26,28), não é uma licença para a tirania, mas uma responsabilidade de mordomia, imitando o cuidado amoroso do Criador.

Embora Jesus não tenha discursado explicitamente sobre “meio ambiente”, considerando os termos modernos, Seus ensinamentos revelam uma profunda reverência pela criação e princípios que fundamentam a administração responsável. Nas Parábolas dos Talentos e das Minas (Mt 25.14-30; Lc 19.11-27), Jesus ilustra a expectativa divina de que Seus servos gerenciem responsavelmente os recursos que lhes foram confiados. Embora geralmente aplicadas a bens financeiros ou dons espirituais, sua lógica pode muito bem ser estende à gestão dos recursos naturais da terra. Espera-se, pois, que multipliquemos e cuidemos do que recebemos, e não que negligenciemos ou destruamos. A irresponsabilidade leva à condenação, enquanto a fidelidade é regiamente recompensada.

 

Numa parábola, Jesus convida os discípulos a “olharem para as aves do céu” e “considerarem os lírios do campo”, não apenas ensinando sobre a providência divina, mas também destacando a intrínseca beleza e o valor da criação aos olhos de Deus (Mt 6.26-30). Se Deus cuida tão zelosamente da natureza, o ser humano, feito à Sua imagem, é chamado a espelhar esse cuidado e a não desdenhar ou destruir o que o Criador valoriza.

 

O mandamento de amar o próximo como a si mesmo tem implicações ambientais diretas (Mc 12.31). As consequências da degradação ambiental – poluição, escassez de água etc. – afetam desproporcionalmente os mais vulneráveis. Cuidar da terra é uma forma concreta de amar o próximo e as futuras gerações, garantindo-lhes um ambiente saudável para viver.

O apóstolo Paulo descreve a criação como “gemendo e suportando angústias”, aguardando a “redenção dos filhos de Deus” (Rm 8.19-22). Esta passagem é crucial, pois sugere que a criação não é um mero pano de fundo para a história humana, mas uma entidade de unidade complexa e valiosa que vem sofrendo devido à queda humana. A redenção em Cristo não se restringe apenas à humanidade, mas tem uma dimensão cósmica, apontando para a restauração de toda a criação. Isso confere à ação ambiental um significado escatológico e redentivo.

 

COP 30 em Belém não é apenas uma conferência política
COP 30 em Belém não é apenas uma conferência política

Cristo é o Sustentador da Criação. Paulo afirma que “nele foram criadas todas as coisas… e nele tudo subsiste”(Cl 1.16-17). Cristo não é apenas o Criador, mas também o sustentador ativo do universo. Reconhecer isso nos leva a tratar a criação com reverência e a participar de sua sustentação, pois ela é inseparável do próprio Cristo. Destruir a criação é, de certa forma, desonrar o Criador e Sustentador de todas as coisas.

 

Assim, pois, a perspectiva bíblica oferece uma base sólida e um imperativo moral para as discussões da COP 30. Como cristãos, somos chamados a ser agentes de cura e restauração, trabalhando para que a terra seja “cultivada e guardada” de forma que reflita a glória de seu Criador.

 

Assim, pois, a COP 30 em Belém não é apenas uma conferência política. Para a fé cristã, é um chamado à ação, um momento para reafirmar nosso compromisso como guardiões fiéis da maravilhosa criação de Deus, garantindo um futuro sustentável para todas as gerações. Isso tem a ver com a nossa missão de amar ao próximo e cuidar do meio-ambiente.

Por: Benjamim Sousa

 
 
 

1 comentário


Well Lopes
Well Lopes
07 de nov.

Parabéns! Assunto pouco debatido no meio religioso

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